segunda-feira, dezembro 04, 2006

Em cada gota

Em cada gota que cai lá fora,
Cai outra em mim vinda de outrora.
E por cada vento que rebenta na janela,
Sopram mil ventos na barriga da minha vela.
Apago a luz para tentar dormir,
Mas há outro dia que não quer partir.
O barco já lá vai no mar alto...
Robusto, aguentando cada sobressalto.
Assim me sinto e sei que não minto.
Porque neste barco já sou inquilino.
Deixei as regras e vivo no poente,
Onde nasce lá longe a lua em crescente.
Noite, frio, vento e mar.
Sou mais um português a querer escapulir.
Não tento conquistar, nem sequer descobrir.
Quero apenas ver o mundo que há em mim
E saber na verdade, tu o que ele é.
Porque morrer sem saber quem vive em mim,
É viver sem razão, sem se saber quem se é.


É verdade, o chato ainda vive...